- The Brazilian Critic
Começo empolgante e reta final morna definem a jornada de “O Tempo Não Para”
Atualizado: 17 de Jul de 2020
Terminou nessa segunda-feira (28/01) a saga dos Sabino Machado, família do final de 1880 que é congelada e desperta no século XXI. “O Tempo Não Para“, telenovela do horário das 19h da TV Globo, teve texto liderado por Mário Teixeira (“Liberdade, Liberdade”), direção artística de Leonardo Nogueira e a missão de elevar a audiência e o clima de sua antecessora, “Deus Salve o Rei“.
Como falado no blog na semana de estreia da novela, “O Tempo Não Para” começou sua jornada na faixa “das sete” de forma positiva e empolgante. O horário, como já é costume da casa, geralmente é ocupado por produções de texto mais leve, focado na comicidade ou no romantismo juvenil — ideias desviadas pelo folhetim anterior. E foi justamente essa a base da história de Mário Teixeira.
Com uma trama original e recheada de possibilidades, a novela começou de forma elevada, trazendo personagens carismáticos e conduzindo bem a diferença de realidade entre o passado e o presente dos protagonistas, gerando situações interessantes e bem trabalhadas pelo elenco.

Entretanto, com o passar da trama, alguns problemas puderam ser sentidos, sobretudo no final da empreitada. Porém, não é justo culpar o roteiro pelo desgaste da história. Fato é que: já faz tempo que as novelas vêm sofrendo do problema de “falta de conteúdo”.
Esse tipo de material para televisão geralmente é produzido para durar seis ou sete meses no ar (dependendo do envolvimento da audiência). Com a popularidade de produções seriadas, com episódios espaçados e divididas em temporadas, a permanência do espectador na frente da telinha se torna menor, quem dirá diariamente. Tentar preencher tanto tempo com a mesma história sem se desgastar acaba sendo tarefa hercúlea e, infelizmente, quase impossível.
Os últimos dois meses acabaram sendo prova disso. A necessidade de se criar material para uma trama original acaba fazendo com que o roteiro opte por escapes para facilitar os desfechos da trama. A criação de um “irmão gêmeo do mal” ou então as idas e vindas do casal principal por causa de terceiros são exemplos desse déficit, algo que poderia ser evitado pelo simples encurtamento da novela.
Mas, felizmente, mesmo com clichês novelísticos, a história se manteve superior e condizente com suas origens, fazendo análises sobre a sociedade atual e filosofando sobre o fato de que pouca coisa mudou, mesmo depois de séculos.
