- The Brazilian Critic
Primeira série da TNT, “Rua Augusta” se perde na própria ousadia
Atualizado: 17 de Jul de 2020
Terminou na última quinta-feita (24/05) a primeira temporada de “Rua Augusta“, série produzida pelo canal TNT em parceria com a O2 Filmes. Baseada na série de televisão israelita “Allenby Street“, a história de 12 episódios tem roteiro adaptado por Jaqueline Vargas, Ana Reber e Júlia Furer e direção-geral de Pedro Morelli.
O primeiro episódio foi extremamente promissor, deixando a sensação para o espectador de que aquela história prometia um desfecho enigmático e bem amarrado. Mas quem acompanhou até o último capítulo viu que o roteiro não evoluiu como esperado e que a narrativa vai se desgastando.
Adaptar obras de outros países para a realidade brasileira, mesmo que em universos semelhantes, sempre é um desafio. Os diálogos são mau-acabados, dando a impressão que alguns personagens não habitam a rua em que a trama se desenvolve.

A peculiaridade do logradouro-título poderia gerar enredos mais saborosos, o que não ocorre na trama principal. Aliás, é nas tramas coadjuvantes que a série se segura, não somente pelo desenvolvimento menos piegas dos personagens, mas também pela qualidade das atuações.
Tecnicamente é uma série bem finalizada. A fotografia de Rodrigo Carvalho e Dante Bellutti é soturna, com uma iluminação em neon que pode parecer cansativa, mas é justificável devido aos locais frequentados pela trama. O mesmo se diz da direção de arte e dos figurinos. A trilha sonora de Lucas Marcier e Fabiano Krieger é magnetizante e combina bastante com a ambientação, um ponto positivo a ser destacado.
A direção de Morelli dá a impressão de empolgação com o novo trabalho, mas acaba tropeçando na própria alegria. O excesso de cenas de sexo desnecessárias passa a sensação de déjà vu, lembrando série brasileiras que se embebedaram na mesma fonte, como “O Negócio” da HBO e “A Segunda Vez” do Multishow.
O elenco é oscilante, felizmente com ondas positivas maiores. O grande problema é a empatia pelos protagonistas. Lourinelson Vladimir é operante como Alex, mas seu personagem é pouco expressivo, com camadas pouco destacadas. Já Fiorella Mattheis talvez não tenha sido a melhor escolha como Mika. A complexidade dos fatos em torno dela e as variações emocionais que deveriam existir não fluem. Talvez os anos de textos quase infantis do humorístico “Vai Que Cola” não foram esquecidos por completo.
